Sabemos que muitos filmes e séries de ficção trazem assuntos fantásticos que às vezes é bem difícil de acreditar ou entender a temática e como ela é abordada. Por mais que sejam fantasiosos, muitos deles tem uma explicação científica que embasa muitas idéias do roteiro mostrando que às vezes nem tudo é ficção. Além dessa análise científica dos fatos do próprio filme, também podemos possuir uma abordagem científica sobre as reações dos telespectadores diante de uma tela de cinema ou na TV de casa. E daí surge o Neurocinema, que estuda como assistir filmes e séries ou suas cenas específicas podem influenciar nosso cérebro a partir do controle emocional e comportamental. Sabendo de todas essas possibilidades, aqui vamos indicar e discutir um pouco da visão neurocientífica de alguns filmes e séries que já comentamos em blogs passados. Pega a pipoca e vista o jaleco que a sessão neurociência no cinema vai começar!
No filme de 2016, o protagonista chamado de Kevin, transita por 23 personalidades diferentes, onde tais identidades podem variar de gênero, nome, idade, hobbies, comportamento social e estados emocionais, e até mesmo, diferentes comportamentos fisiológicos. Apesar da ficção retratar o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) , que é uma doença já cientificamente definida, será que tudo isso é condizente com a realidade? A TDI afeta cerca de 2% das pessoas hospitalizadas com problemas mentais no mundo. O tratamento geralmente consiste em cuidados de apoio e aconselhamento psiquiátrico. Além da predisposição genética, acredita-se que a causa também pode ser um trauma psicológico durante a infância. Trabalhos realizados com indivíduos com TDI mostraram que de acordo com a identidade assumida muitos padrões fisiológicos eram modificados, como padrões emocionais, sensório-motores e de respostas cardiovasculares (frequência cardíaca, pressão arterial, variabilidade da frequência cardíaca). Também foram encontradas diferenças de fluxo sanguíneo cerebral regional, demonstrando variação do processamento de memórias relacionadas ao trauma ou não, dependendo da identidade assumida. Trabalhos realizados com eletroencefalograma (EEG) mostraram até mudança nos padrões eletroencefalográficos do córtex visual acompanhado de perda da visão após mudança de identidade de uma mulher. Veja o trailer abaixo:
A série "The OA" da Netflix conta a história de um neurocientista chamado Hap que por meio de experimentos científicos tenta provar a existência de vida após a morte induzindo sucessivas Experiências de quase morte (EQMs) em suas cobaias humanas utilizando uma espécie de EEG para analisar a atividade cerebral. Uma dessas cobaias, a protagonista Praire, que era cega, relata detalhes de suas EQMs do tempo que ela foi mantida em cativeiro pelo Hap e como misteriosamente recuperou a visão. A EQM é um estado de morte iminente decorrente de algum evento traumático ou patológico e que relataram experiências sobrenaturais que transcendem os limites convencionais do tempo e do espaço, um tipo de projeção da consciência. Tais experiências relatadas são a ausência de dor, sentir estar fora do corpo, envolventes sentimentos de paz, ouvir um ruído, ver e atravessar um túnel com uma luz em seu final, entre outros. Estudos realizados com implantes de microeletrodos em pacientes terminais, constataram que atividade elétrica dos neurônios no cérebro, no momento da morte, tende a diminuir gradativamente no intuito de economizar energia dos neurônios, o que pode ter relação com alguns tipos de alucinações específicas encontradas nas EQMs. Além disso, as EQMs têm sido especulativamente atribuídas a vários neurotransmissores no cérebro, mais freqüentemente as endorfinas ou outros opióides endógenos (liberados sob estresse como a situação de morte eminente) que pode ter relação com o alívio da dor e sensação de bem-estar e sentimentos d estar fora do corpo. Substâncias alucinógenas como dimetiltriptamina (DMT) presente em ervas como a Ayahuasca, é usada como modelo adequado para a simulação de EQMs para estudos de consciência em humanos, já que possuem efeitos cognitivos fenomenológicos semelhantes descritos por pessoas que relataram uma EQM.Veja o trailer abaixo:
O filme "Upgrade - Atualização" da Netflix conta a história de um mecânico de carros chamado Grey que teve sua vida mudada em um aparente assalto, onde carro autônomo que estavam foi hackeado e se envolveu em um acidente. A sua esposa, Asha, é assassinada na sua frente e Grey sofre um severo dano na medula espinhal que acaba tornando-o tetraplégico. Após alguns anos, Grey participa de um tratamento experimental com uma inteligência artificial (IA), que fez ele retomar movimentos totais do seu corpo. A partir de então, há uma busca pelos autores do crime, e assim, obter a sua vingança. Entretanto, Grey acaba descobrindo que o principal responsável pela morte de sua esposa foi a IA que o ajudou a andar novamente. O filme levanta pontos interessantes para pensarmos, afinal, devemos realmente temer a tecnologia? Em relação a IAs, estamos nos referindo a uma abstração da nossa capacidade intelectual para criação de um algoritmo, que tende a tentar mimetizar e reproduzir aspectos humanos como aprendizagem, linguagem, raciocínio e etc. Mas a IA poderia tornar possível tetraplégicos e paraplégicos retomarem o movimento do seu corpo? Isso ainda não é possível, mas outro comportamento da IA foi a manipulação emocional de Grey, o que podemos encontrar em alguns mecanismos na atualidade. Estamos cercados de manipulações sutis no ambiente à nossa volta para alterar e influenciar nossas decisões e emoções. Um estímulo ambiental pode influenciar diretamente nossas emoções e comportamento, fazendo com que haja experiências e respostas distintas. É possível interpretar e analisar as emoções e seus estímulos com a ajuda do EEG e NIRS. Veja o trailer abaixo:
La casa de papel é uma série da netflix que conta a história de um grupo de criminosos que decidem roubar o Banco Central da Espanha. A forma que a narrativa é construída durante toda série, contando a história de vida de cada personagem e como cada um desenvolve suas habilidades emocionais durante o roubo, faz com que a maioria dos telespectadores criem uma certa simpatia pelos ladrões e torça para que no fim o assalto dê certo. Mas ficar do lado do vilão e da violência nos torna mais violentos? Em situações como essa, parte do nosso cérebro entra em sincronia com a região envolvida com a moralidade, o córtex pré-frontal, fazendo com que nós aceitemos o comportamento violento por uma causa maior. Um estudo realizado na Universidade da Pensilvânia avaliou, fazendo o uso de fMRI, a região temporal do cérebro enquanto adolescentes assistiam filmes com personagens violentos antes e durante a ação violenta. Baseando em uma abordagem da ética da virtude que enfatiza os motivos da avaliação moral, o trabalho quis validar a hipótese de uma correlação intersubjetiva no córtex frontal orbital lateral com o córtex pré-frontal ventromedial, em resposta as cenas injustificadas e justificadas de violência. As imagens de ressonância magnética obtidas no trabalho mostraram que cenas de violência, justificada ou não justificada, evocam respostas uma resposta sincronizada em diferentes partes do cérebro. Uma região está associada com uma resposta desaprovadora á violência (violência sem justificativa) e a outra região aceita aquela ação violenta, quando tem justificativa.Veja o trailer abaixo:
No filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", o protagonista chamado de "Joel" descobre que sua ex-namorada "Clementine" contratou um serviço clínico para apagar suas memórias. Joel, para evitar tal sofrimento também contrata o mesmo serviço, que por sua vez se baseia em sessões de uma espécie de Transcranial Magnetic Stimulation (TMS) enquanto dorme, um equipamento neuromodulador não invasivo que utiliza estimulação eletromagnética para modular (estimular ou inibir) a atividade neuronal cortical de áreas cerebrais específicas. Trabalhos utilizando TMS, mostraram que indivíduos que tiveram a inibição da região do córtex pré-frontal, importante área envolvida no processo de consolidação da memória de longo prazo, desenvolveram uma resposta psicofisiológica menor aos estímulos aversivos. Ou seja, eles ainda podiam lembrar do evento, mas os efeitos maléficos dessa lembrança não tinham o mesmo poder de ativar as mesmas respostas psicofisiológicas. Já outros trabalhos utilizando Deep Brain Stimulation (DBS), técnica que envolve o envio de corrente elétrica para regiões específicas do cérebro por meio de implante de microeletrodos intracerebrais, mostraram que dependendo dos parâmetros utilizados e momento do DBS, pode induzir o esquecimento de memórias aversivas. Estudos utilizando DBS de High frequency nas áreas CA1 e giro denteado do hipocampo durante ou depois de uma tarefa de aprendizagem ou aversiva em ratos pode piorar esse tipo de memória. Outros trabalhos ainda demonstraram que o DBS pode diminuir a ansiedade e vício a partir da melhoria de memórias de extinção, que são memórias novas de associação que sobrepõe uma memória original, podendo supostamente também sobrepor uma memória aversiva.Veja o trailer abaixo:
A série de ficção da Netflix "Por trás de seus olhos" conta a história de Louise, uma recepcionista que vive um romance proibido com seu chefe, o psiquiatra Dr. David Ferguson, casado com Adele. David inicia um caso extraconjugal com Louise, porém, Adele possui um dom de controlar seus sonhos (sonhos lúcidos), além de conseguir se projetar para fora do seu corpo durante o sono (experiência extracorpórea), visitando outros lugares e conseguindo descobrir a traição do seu marido. Trabalhos realizados com EEG mostraram que as frequências predominantes durante um sonho lúcido (Sono REM) estão entre 25–50 Hz, tais frequências relacionadas ao estado de vigília quando estamos acordados realizando experiências espaciais e movimento, o que demonstra que a intensa atividade cerebral está tentando "simular" situações em que vivemos quando acordados. Além disso, um interessante estudo mostrou que é possível indivíduos em estado de sono lúcido se comunicarem com o mundo exterior em tempo real por meio de contração da musculatura facial. Um trabalho realizado com fMRI em indivíduos que se dizem capazes de realizar a experiência extracorpórea, mostrou uma grande inibição do córtex visual, enquanto diversas áreas associadas a imagens cinestésicas do lóbulo cerebral esquerdo estavam bastante ativadas. A cinestesia é a percepção do peso e posição do corpo e movimento, estando intimamente relacionada com nossa interação com o ambiente externo. Dessa forma, isso pode explicar a sensação de que estamos interagindo com o ambiente mesmo estando dormindo, como se tivéssemos "fora do corpo". Veja o trailer abaixo:
O filme "Bandersnatch" da franquia "Black mirror" da Netflix conta a história de um Stefan, um garoto que trabalha na indústria dos games e enfrenta muitos problemas pessoais, familiares e sociais associado a conflitos mentais. Nessa obra, os padrões e a passividade do telespectador de ser apenas um observador na história é diferente, já que você traça a diretriz e o rumo do filme alterando o destino de Stefan e de outros personagens. Sendo classificado como filme interativo, em algumas cenas, com o controle remoto você escolhe uma opção de qual decisão o personagem tem que tomar, podendo alterar o final de sua história. A interatividade empodera a tomada de decisão do telespectador e força o indivíduo a um processo cognitivo, ou seja, mental para seguir a trajetória. Durante o desenvolvimento do filme, é evidente que o Stefan, faz parte de um experimento no qual se procura evidenciar a relação entre a memória e a emoção. A discussão, então, estaria mais ligada aos aspectos éticos. Lupian y colaboradores, (2011), fazem uma discussão sobre como a separação materna forçosa poderia gerar modificações estruturais no Hipocampo (estrutura cerebral responsável pela formação da memória espacial e a aquisição da memória episódica), mas não na amígdala (estrutura cerebral responsável pela formação de memórias emocionais e reatividade emocional). Estas modificações podem resultar em problemas emocionais como ansiedade, depressão e até agressividades extremas como também mostrado no filme. Tudo isto poderia influir no processo de tomada de decisão, como mostram Hasselt e colaboradores, (2012), onde eles concluem que o cuidado materno, ou a ausência deste, poderia ter influência na tomada de decisão no sujeito adulto. Veja o trailer abaixo:
A série "Quem matou Sara?" da Netflix conta a história de Alex Guzman em sua incansável busca por vingança a poderosa família Lazcano pelo assassinato de sua irmã, Sara, onde ele foi injustamente incriminado e passou 18 anos cumprindo essa pena. Entretanto, Alex aproveitou o tempo preso para planejar sua vingança contra essa família. Além do desfecho principal, esta é uma série intrigante que envolve diversos problemas sociais, como problemas de saúde mental e familiares, homofobia, crimes sexuais, traição, mentira, ganância, assassinato, inveja. Muitos desses problemas estão relacionados com comportamento social e emoções. Diversos personagens da série se mostram com algum tipo de distúrbio mental, como é o caso do personagem Don César, que claramente pode apresentar transtorno de personalidade narcisista ou a sociopatia. Alguns estudos encontraram uma redução no volume da substância cinzenta do córtex pré-frontal rostral anterior e dos pólos temporais em pessoas com essas características de personalidade. Emoções como culpa, vergonha, raciocínio moral e empatia estão envolvidas nessas regiões. Além disso, também encontraram anormalidades nos feixes de substância branca do cingulado dorsal, regiões envolvidas no aprendizado por meio de recompensas e punições. Além disso, outro personagem que possivelmente possuía uma saúde mental afetada era a própria Sara, que apresentava idealização suicida. Possivelmente a personagem estava passando por um transtorno de estresse pós traumático (TEPT) ou transtorno depressivo maior. No caso de TEPT, algumas tecnologias como neurofeedback vêm demonstrando resultados interessantes em seu tratamento.Veja o trailer abaixo:
O filme de comédia "Se eu fosse você" conta a história de um casal heterosexual que depois de uma espécie de "acidente fantástico" trocam de corpo, tendo que vivenciar com todas as mudanças fisiológicas e de aparência do outro além das demandas familiares e do trabalho. Mas como será que seria essa percepção de trocar de corpo com outra pessoa se esse fato fosse possível? Um estudo realizado conseguiu proporcionar essa perspectiva de estar no corpo de outra pessoa. O projeto equipou participantes com óculos que mostram imagens ao vivo do corpo de outra pessoa, como se fosse o seu próprio corpo. Os participantes sentiram, por um breve tempo, como se acordaram no corpo de outra pessoa e isso teve resultados significativos na autopercepção. O estudo apontou que, antes dessa “troca de corpo”, os participantes falavam que seus amigos tinham características como a confiança, independência, alegria, etc. Já durante a troca do corpo, eles se classificaram como mais semelhantes aos amigos. Essa ilusão ainda afetou a memória, onde o desempenho pode ser reduzido se interferirmos na autorrepresentação de alguém. A atualização de autoconceito auxilia na codificação de memória contínua. Os participantes que conseguiram se sentir melhor no corpo do amigo, como se fosse o seu mesmo, conseguiram ajustar melhor as classificações de personalidade e apresentaram um melhor desempenho no teste.Veja o trailer abaixo:
Bem, a sessão neurociência no cinema está acabando por aqui. Mas fique ligado, muitos filmes e séries ainda serão discutidos com respaldos científicos por aqui, continue acompanhando nossos blogs!
Referências:
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