Células da Glia: de coadjuvantes à protagonistas
01/12/2023 at 04:12:21
Author: Bruna Rezende
01/12/2023 at 04:12:21
Author: Bruna Rezende
O sistema nervoso central possui uma elevada diversidade morfológica e funcional que implica em diferentes funções no organismo. Em posts anteriores, explorados a relação dessas alterações morfológicas, funcionais e estruturais com a memória, atenção e diversos comportamentos, sendo estes individuais ou coletivos. Em grande parte dos casos, os neurônios são as células mais investigadas, sendo os padrões de disparo dessas células nervosas (potenciais de ação) um importante ponto de partida para entender a origem neuronal de certos padrões.
Mas, o que pouco se comenta é que o Sistema Nervoso Central apresenta uma surpreendente diversidade celular, apresentando centenas de tipos celulares no encéfalo. Além dos neurônios, outras células, estas chamadas de células da Glia, são também fundamentais para o funcionamento pleno do nosso organismo e também para a compreensão dos nossos comportamentos.
Quem são as células da Glia?
Podemos separar em dois grupos: Microglia e a Macroglia. Então, vamos por partes!
A Microglia é fundamental para a defesa imune do SNC. Quando necessário, essas células se multiplicam e sofrem alterações morfológicas que as possibilitam realizar fagocitose para a defesa do organismo.
Já a Macroglia possui 3 componentes principais: Oligodendroglia, importantes para a mielinização dos axônios, ependimoglia, relacionada principalmente ao preenchimento e revestimento do tecido nervoso e a astroglia. Vamos dar destaque para esta última!
A Astroglia é composta principalmente pelos astrócitos que possuem diversas funções fundamentais para a homeostase do SNC. Estudos recentes demonstraram que, além dessas funções já bem conhecidas, existe também uma possível relação com memória, consciência e o estabelecimento de conexões neuronais. Por mais estranho que possa parecer, esse tipo de proprosição gera uma revolução na Neurociência, uma vez que essas funções “mais complexas” eram sempre atribuídas quase que exclusivamente aos neurônios.
Um astrócito de rato marcado com proteína ácida fibrilar e vimentina.
Estudos recentes demonstraram que a evolução da complexidade cortical parece estar relacionada com a evolução na complexidade e número relativo de astrócitos presentes no cérebro. Dessa forma, a perda de astrócitos tem sido associada a distúrbios neuronais como epilepsia e esquizofrenia. (GOMES; TORTELLI; DINIZ, 2013). Assim, acredita-se que a combinação dos neurônios E os astrócitos é que é responsável pela produção de pensamentos, memória e também pela capacidade de aprendizado
Os estudos da macroglia têm se expandido ao longos dos anos graças ao desenvolvimento de novas tecnologias em neurociência. Com o tempo, paramos de enxergar as células gliais como meras coadjuvantes e passamos a encará-las como protagonistas, juntamente com os neurônios, na construção da consciência humana.
GOMES, Flávia Carvalho Alcantara; TORTELLI, Vanessa Pereira; DINIZ, Luan. Glia: dos velhos conceitos às novas funções de hoje e as que ainda virão.