Dormir é sinônimo de relaxamento, mas mesmo enquanto dormimos, o cérebro continua trabalhando fielmente para garantir o equilíbrio de todos os sistemas. E o sono é importante por quê mesmo? O sono é essencial para os processos cognitivos e manutenção da função cerebral.
Enquanto dormimos, na fase de movimentos oculares lentos, oscilações de baixa frequência favorecem a consolidação da memória; paralelamente, o líquido cefalorraquidiano (LCR) ーo líquido que banha o encéfalo e a medulaー limpa os resíduos metabólitos cerebrais.
Até esse ponto pouco se sabia como esses processos ocorriam e como se relacionavam, até que, foi realizado um estudo [1] que monitorou 13 pessoas enquanto dormiam, com o objetivo de analisar quais mudanças apresentava o fluxo de LCR durante o sono e como esse processo está vinculado às variações de fluxo sanguíneo cerebral.
Na fase de sono profundo, os voluntários tiveram a atividade elétrica cerebral analisada por meio de EEG e para análise do volume de líquido cefalorraquidiano com MRI. O principal achado foi que durante a fase REM do sono profundoー fase delta, fundamental na formação e retenção de memóriaー, o cérebro é lavado por ondas lentas e amplas de LCR a cada 20 segundos, aproximadamente.
E por que ocorre esse processo?
Quando entramos na fase REM do sonho, é como se houvesse um período letárgico e os neurônios consomem menos oxigênio. Isso provoca redução no fluxo sanguíneo no cérebro, ofertando mais espaço para que o LCR flua [Figura Abaixo].
[Fluxo no LCR aumentando quando o volume sanguíneo diminui]
Esse achado pode facilitar a compreensão sobre a associação do LCR ao sono e a dinâmica de fluidos como um potencial biomarcador a ser explorado em condições clínicas associado a distúrbios do sono. Podendo também, favorecer a compreensão sobre doenças que provocam comprometimento e até perda celular, como a Doença de Parkinson e o Alzheimer, que geram o acúmulo de proteínas danificadas no cérebro.