O monismo de triplo aspecto (MTA) é uma abordagem filosófica que sugere que a realidade é composta por uma única substância fundamental, mas que essa substância pode ser entendida de três maneiras distintas: física, mental e subjetiva. No contexto dos conceitos de sentimento e consciência, o monismo de triplo aspecto argumenta que esses fenômenos não são entidades separadas, mas sim diferentes aspectos de uma realidade subjacente. Aqui, vamos discutir a visão filosófica e neurocientífica sobre o tema.
Para entendermos melhor o MTA, é importante compreendermos sua origem, começando com o monismo de duplo aspecto, que sugere que mente e corpo são dois aspectos de uma única realidade subjacente. Já o MTA, a natureza é composta por três aspectos potenciais: matéria/energia (elementos no espaço-tempo), forma/informação (transmissão de informações entre sistemas) e sentimento/consciência (quando a informação afeta a estrutura material de um sistema).
Para os conceitos de sentimento e consciência, o MTA sugere que esses aspectos estão interligados e são inseparáveis da realidade em sua totalidade. Isso implica que a experiência subjetiva do sentimento e da consciência não pode ser reduzida a meros processos físicos ou mentais, mas deve ser compreendida como uma manifestação integrada da realidade. A ideia central discutida por alguns autores é que a marca distintiva da consciência é o sentimento, onde somos conscientes quando sentimos o significado da informação que nos atinge e circula em nosso cérebro e corpo. Nesse contexto, é considerado os diversos tipos de sentimentos, cada um relacionado a diferentes estados de consciência: sensações básicas (fome, sede, calor, e frio), sentimentos emocionais (alegria, tristeza, raiva, e medo), sentimentos cognitivos (relacionados a crenças e ao conhecimento ou desconhecimento de algo) e sentimentos Perceptivos (modalidades sensoriais, como cores na visão ou sons na audição).
Alguns autores argumentam contra a visão tradicional da filosofia ocidental que concebia a consciência principalmente como um processo de pensamento, propondo uma revalorização do componente afetivo com base em interpretações de resultados de pesquisas empíricas. A questão central levantada é se o sentimento é um fenômeno puramente subjetivo ou um aspecto fundamental da realidade já presente em estado potencial no mundo físico, argumentando contra a visão tradicional da filosofia ocidental que concebia a consciência principalmente como um processo de pensamento. Além disso, componentes celulares além do neurônios como as células gliais, especialmente os astrócitos, formam uma rede paralela à dos neurônios onde fluem ondas de cálcio que possivelmente são associadas ao sentimento e desempenham um papel crucial ao direcionar a atenção sobre a informação cognitiva processada pelos neurônios.
O MTA oferece uma estrutura ontológica compatível com uma abordagem científica interdisciplinar, propondo que a consciência e o sentimento são aspectos fundamentais da realidade que emergem de sistemas físicos complexos. O sentimento, segundo essa perspectiva, é uma manifestação natural em sistemas capazes de processar informação de forma complexa e integrada. Entretanto, embora o MTA ofereça uma hipótese interessante para o papel dos sentimentos na consciência, essa teoria possui algumas limitações. Outros autores consideram que o MTA precisa justificar a extensão da realidade além do físico sem recorrer a múltiplos aspectos metafísicos, além de ser necessário explicar mais detalhadamente como informações da memória episódica ou imaginação também ganham acesso à consciência.
Referências:
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