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O poder da mente: efeitos de hipnose sobre a percepção visual

Este post foi inspirado no seguinte Press Release da Brain Products

Você já deve ter ouvido por aí que a mente humana é extremamente complexa e que ainda existem muitos mistérios a serem desvendados no caminho para entendermos a nossa consciência.


E de fato, ainda existem! Muitos estudos foram feitos mostrando como nossa percepção pode ser “enganada” por certos estímulos ambientais. É o que já vimos no experimento da Ilusão da Mão de Borracha, lembra?


Mas os estudos continuam e dessa vez, vamos explorar os efeitos da hipnose!


O que é hipnose?


Muita gente acha que hipnose é truque de mágica, mas na verdade ela é muito estudada dentro da psicologia e até mesmo das neurosciências. A Associação Americana de Psicologia define a hipnose como um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida. Essas condições caracterizam uma maior capacidade de resposta à sugestão. Ou seja: é como se fosse um estado em que você está muito suscetível a acreditar e perceber a realidade que lhe é sugerida, sem ter consciência disso. Ainda não visualizou? Pense naqueles filmes de ficção em que um dos personagens é hipnotizado e começa a fazer várias coisas sem ter controle de si mesmo. É mais ou menos essa a ideia (mas ninguém aqui tá sugerindo que é pra usar hipnose pra sair controlando os outros, viu?).

Uma curiosidade interessante é que a hipnose surgiu e tem esse nome porque acreditavam que ela se tratava de um sono induzido (Hipnos é o nome do deus grego do sono). Quando ficou claro que hipnose não tinha nada a ver com sono (afinal, a eletroencefalografia nos permite observar que as atividades cerebrais de ambas as condições são muito distintas), o termo já estava consagrado e acabou se mantendo.


De qualquer modo, a hipnose é uma técnica muito interessante para explorarmos como o nosso sistema nervoso percebe e responde a certos estímulos (assim com a Realidade Virtual, que você pode ler mais sobre nesse post).

Hipnose e percepção visual


Nesse contexto, um estudo muito legal foi feito pela Dr. Barbara Schmidt, na Universidade de Jena (Alemanha). Utilizando os equipamentos e softwares da Brain Products, ela e seus colegas utilizaram técnicas de EEG para entender como o nosso cérebro percebe e responde a estímulos visuais em condições de hipnose (veja o artigo completo aqui).


Basicamente, os participantes dessa pesquisa eram hipnotizados de modo a acreditar que havia um bloqueio que não permitia que eles percebessem estímulos visuais (figuras geométricas, basicamente) sendo mostrados numa tela de computador (Figura 1).  Contudo, antes disso, essas pessoas eram submetidas a um teste de nível de susceptibilidade à hipnose, utilizando a “Harvard Group Scale of Hypnotic Susceptibility”, sendo divididas em baixa, média e alta suscetibilidade à hipnose.
Illustration of the suggested perceptual blackade (hypnosis and EEG)

Figura 1: Ilustração mostrando o bloqueio sugerido pela hipnose.


Nessas condições, registrava-se a atividade eletroencefalográfica dos participantes, observando ERPs (Potenciais evento relacionados), com foco para o P3b, um subcomponente do P300 (ERP ligado ao processo de tomada de decisão, conheça mais sobre ele no knowledge-base). O P3b está associado ao processamento de informações e tem sido uma ferramenta muito usada em estudos de psicologia.
p300 evoked potencial by https://aksioma.org/brainloop/images/fig_11.gif

O que esse estudo observou foi que quanto mais suscetível à hipnose, menor era o P3b e menor eram os acertos da pessoa na hora de identificar os estímulos visuais mostrados. Em outras palavras, pessoas em um alto grau de hipnose, acreditavam que realmente havia um bloqueio visual (na verdade, seu sistema nervoso processava a existência do bloqueio) e não conseguiam processar nem identificar as informações visuais a que estavam expostas.

Loucura né?


Mais uma vez estamos vendo que o poder da nossa mente pode extrapolar muito o que imaginamos perceber da nossa realidade. A hipnose já tinha sido mostrada como ferramenta interessante para estudos relacionados à dor e analgesia, bem como em estudos relacionados a percepção de cores. No meio disso tudo, cada vez mais pequenos passos direcionados à compreensão da nossa consciência.

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Ivânia Bruns

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