Qual a diferença entre gostar e querer, no nosso cérebro?
01/12/2023 at 04:12:29
Author: Eric Rodrigues
01/12/2023 at 04:12:29
Author: Eric Rodrigues
Sobre o querer
Sobre o gostar
“GOSTAR” pode ser definido como “achar agradável, sentir prazer em algo, amar, apreciar”. A região que é mais estudada para compreender sobre a sensação de “gostar”, até o momento, é o nucleus accumbens. Experimentos em animais indicaram aumento de duas/três vezes na sensação de “gostar” quando neurônios dessa região foram estimulados [4].
O comportamento de “gostar” é diferente e independente daquele de “querer” [4]. É possível “querer” sem “gostar” e esse é exatamente o caso do comportamento de vício [2]. Pesquisas em seres humanos e em animais indicam que o gostar e querer são mediados por diferentes circuitos no encéfalo [5].
Estudos sobre o funcionamento cerebral indicam a existência de centros cerebrais que trabalham na forma de redes ativando neurotransmissores que controlam os eventos e estados de prazer [6]. Esses centros controlam o “gostar” e o “querer”, e cada um deles controla respostas neurais conscientes e inconscientes [2].
Uma das maneiras de analisar a atividade neural em redes e observar o que chamamos de conectividade cerebral, ou seja, como o nosso cérebro está conectado e como as áreas se comunicam entre si, é através da Eletroencefalografia (EEG). Logo, é possível mensurar atividade cerebral de indivíduos em determinadas situações, e assim, entender mais sobre as diferenças cerebrais entre o “gostar” e o “querer”.
Essa compreensão é extremamente relevante, pois como vimos, o nucleus accumbens possuí nós diferentes que são responsáveis por gostar e querer, e que configura a neuroanatomia funcional do prazer, que iremos discutir mais a fundo posteriormente.
Referências
[1] HANSON, Rick; HANSON, Forrest. O poder da resiliência. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. 256 p.
[2] SAWAYA, Ana Lydia; FILGUEIRAS, Andrea. "Abra a felicidade"? Implicações para o vício alimentar. Estud. av., São Paulo , v. 27, n. 78, p. 53-70, 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142013000200005.
[3] PAVULURI, Mani et al. Nucleus Accumbens and Its Role in Reward and Emotional Circuitry: A Potential Hot Mess in Substance Use and Emotional Disorders. Aims Neuroscience, [s.l.], v. 4, n. 1, p.52-70, 2017. American Institute of Mathematical Sciences (AIMS). http://dx.doi.org/10.3934/neuroscience.2017.1.52.
[4] BERRIDGE, K. C. The debate over dopamine’s role in reward: the case for incentive salience. Psychopharmacology, v.191, n.3, p.391-431, 2007.
[5] BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
[6] KRINGELBACH, M. L.; BERRIDGE, K. C. Towards a functional neuroanatomy of pleasure and happiness. Trends. Cogn. Sci., v.13, n.11, p.479-87, 2009.