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Teorias sobre a consciência: Explorando Diferentes Perspectivas

 
        A consciência é algo que ainda temos dificuldade de definir de forma exata no meio científico, mas pode ser considerada uma “qualidade da mente”, abrangendo qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, sentiência, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. A consciência pode ser vista como o conjunto dos dados da experiência individual que se oferece ao conhecimento imediato. A compreensão da consciência humana é um dos maiores desafios da ciência cognitiva e neurociência. A busca pela compreensão da consciência tem impulsionado a pesquisa em diversas direções, resultando em várias teorias que tentam explicar a natureza complexa desse fenômeno. Entre as teorias mais promissoras e discutidas, encontram-se as teorias de ordem superior, as teorias do espaço de trabalho global, as teorias de reentrada e processamento preditivo, e a teoria da informação integrada. Aqui, vamos discutir um pouco como cada uma dessas teorias abordam o conceito de consciência e de como se relacionam com a filosofia e neurociência.


Teorias de Ordem Superior

     As teorias de ordem superior sugerem que a consciência emerge da avaliação e integração de informações provenientes de várias partes do cérebro. Essas teorias argumentam que a consciência resulta da capacidade de monitorar e controlar estados mentais, permitindo que diferentes áreas do cérebro cooperem e coordenem sua atividade, onde os estados mentais são conscientes em virtude de serem o alvo de tipos específicos de meta-representação. Por exemplo, meta-representações de ordem superior apoiaria a percepção visual consciente de ordem inferior no córtex visual (Imagem abaixo). Estudos mostram a importância do córtex pré-frontal  nesse processo, onde sua lesão afeta o desempenho da metacognição. 

Fonte: Seth, Anil K et al., 2022.



Teorias do Espaço de Trabalho Global
 
     A Teoria do Espaço de Trabalho Global propõe que a consciência emerge quando determinadas informações são selecionadas para serem compartilhadas em um espaço de trabalho central. Essas informações são acessíveis a várias partes do cérebro, permitindo a integração e a criação de uma experiência consciente unificada. Dessa forma, os estados mentais são conscientes quando são transmitidos dentro desse “espaço de trabalho” global no qual as redes fronto-parietais desempenham um papel central semelhante a um hub. Um exemplo desse “espaço de trabalho” é a mobilização temporária de regiões sensoriais após a  seus estímulos que funcionam como uma “ignição” (figura abaixo).

Fonte: Seth, Anil K et al., 2022.



Teorias de Reentrada e Processamento Preditivo
 
     Essas teorias sugerem que a consciência emerge do processamento de informações em circuitos neurais que envolvem um feedback constante (reentrada) e a criação de previsões sobre o ambiente. A consciência surge quando as previsões são comparadas com os estímulos reais, permitindo a atualização contínua das representações mentais. Assim, os estados mentais conscientes estão associados à sinalização descendente de reentrada (setas grossas) que, para o processamento preditivo, transmite previsões sobre as causas dos sinais sensoriais (setas finas) com intuito de minimização contínua dos erros (figura abaixo).


Fonte: Seth, Anil K et al., 2022.



Teoria da Informação Integrada

     A Teoria da Informação Integrada propõe que a consciência emerge da integração de informações dentro de um sistema neural, sendo idêntica à estrutura de causa e efeito de um sistema físico que especifica um máximo de informação integrada irredutível. A medida de "phi" (Φ) é utilizada para avaliar o grau de integração de um sistema e, assim, determinar seu nível de consciência. Anatomicamente, informação Integrada está associada a uma “zona quente” cortical posterior (Imagem abaixo).
 
Fonte: Seth, Anil K et al., 2022.
 
.    Cada uma dessas teorias traz um ângulo único para a discussão sobre a consciência, e a pesquisa em curso continua a explorar como essas perspectivas podem ser integradas para fornecer uma compreensão mais abrangente desse fenômeno complexo e fascinante que é a consciência humana. À medida que avançamos, a integração de abordagens teóricas sólidas com métodos experimentais robustos que envolvem a atividade cerebral, como de EEG/NIRS, promete lançar luz sobre os mistérios da consciência humana.










Referências:
 
Seth, Anil K., and Tim Bayne. "Theories of consciousness." Nature Reviews Neuroscience 23.7 (2022): 439-452.
 
McFadden, Johnjoe. "Consciousness: Matter or EMF?." Frontiers in Human Neuroscience 16 (2023): 1024934.
 
Lau, H. C., & Rosenthal, D. (2011). Empirical support for higher-order theories of conscious awareness. Trends in Cognitive Sciences, 15(8), 365-373.
 
Dehaene, S., & Changeux, J. P. (2011). Experimental and theoretical approaches to conscious processing. Neuron, 70(2), 200-227.
 
Clark, A. (2013). Whatever next? Predictive brains, situated agents, and the future of cognitive science. Behavioral and Brain Sciences, 36(3), 181-204.
 
Tononi, G. (2008). Consciousness as integrated information: A provisional manifesto. Biological Bulletin, 215(3), 216-242.
 


Autor: Rodrigo Oliveira
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