A Música como Corpo que Pensa
20/07/2025 at 03:07:44
Author: Jackson Cionek
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A Música como Corpo que Pensa?
Tema: Estados Corporificados de Consciência Musical
Velhos Livros com Velhas Verdades
Base: Trabalhos apresentados no ICMPC18 + Literatura científica em música e cognição
Música como Micro Eu Ativado
Quando ouvimos ou produzimos música, ativamos um Eu temporário — sensível, rítmico, emocional e interativo. Em nossos termos, trata-se de um Micro Eu: uma configuração efêmera de corpo, emoção e atenção guiada.
Esse Micro Eu é:
* ativado por padrões rítmicos e harmônicos,
* sustentado por circuitos de recompensa (Zatorre, 2001),
* capaz de canalizar tensões internas não resolvidas, ou seja, Anergias.
A música, portanto, não é apenas entretenimento. É uma tecnologia sensório-motora capaz de reorganizar fluxos emocionais, motores e cognitivos, funcionando como uma ponte entre os Eus tensionais estáveis e o presente vivido com fluidez.
Estados Corporificados e Mente Damasiana
Na Mente Damasiana, a cognição nasce da interação entre interocepção e propriocepção. A música, especialmente quando envolve movimento corporal (dança, percussão, canto), estimula diretamente essas redes, promovendo:
* regulação autonômica,
* integração emocional,
* senso de presença corporal.
No ICMPC18, estudos com EEG, fNIRS e GSR mostraram que:
a música sincroniza corpos, emoções e cérebros, criando estados de percepção ampliada e coesão social.
Esses estados envolvem:
* Redes de modo padrão (Default Mode Network), responsáveis pela autoimagem narrativa,
* Córtex auditivo,
* Córtex motor suplementar,
* Ínsula (interocepção),
* Área pré-frontal dorsolateral (regulação metacognitiva).
Música como Fluxo Metabólico para Anergias
Durante o dia, acumulamos Anergias — tensões contraditórias não metabolizadas, criadas por conflitos emocionais, cobranças sociais e loops de consciência ativada. A música, ao agir como corpo simbólico em movimento, permite que o cérebro:
* reorganize os circuitos afetivos,
* metabolize emoções desarmônicas,
* crie fluxo de fruição com base na reorganização dos Eus.
> O artista, nesse contexto, é um canal de fluxo simbólico-metabólico coletivo. Ele processa o que está retido nos corpos da sociedade.
Pausas, Ressonância e Pertencimento
A música atua como sistema de ressonância bioemocional. Quando bem estruturada, inclui pausas, resoluções harmônicas e tensões melódicas que refletem os ciclos afetivos humanos.
> As pausas são tão importantes quanto os sons.
> Elas criam espaço para que o corpo metabolize, o Eu dissolva e a atenção seja restaurada.
Esse efeito é amplificado em contextos sociais: concertos, rituais, danças comunitárias — todos promovem o que chamamos de Quorum Sensing Humano (QSH), ou seja, o pertencimento por sintonia rítmica e afetiva.
Fruição com Metacognição: Ouvir para Existir
Quando ouvimos música de forma consciente, sem distrações, com o corpo presente, ativamos estados de fruição com metacognição.
Esses estados são:
* desautomatizadores do Eu,
* restauradores da atenção difusa,
* ampliadores do Apus (propriocepção estendida).
> É nesse estado que o “eu” deixa de ser uma função de desempenho e se torna uma expressão de estar-vivo.
Referências Científicas
* Zatorre, R. J., et al. (2001). *Neural mechanisms involved in the processing of musical emotion*. *Proceedings of the National Academy of Sciences*, 98(20), 11818–11823.
* Koelsch, S. (2014). *Brain correlates of music-evoked emotions*. *Nature Reviews Neuroscience*, 15(3), 170–180.
* Juslin, P. N., & Västfjäll, D. (2008). *Emotional responses to music: The need to consider underlying mechanisms*. *Behavioral and Brain Sciences*, 31(5), 559–621.
* Malloch, S., & Trevarthen, C. (2009). *Musicality: Communicating the vitality and sensitivity of life*. *Annals of the New York Academy of Sciences*, 1169(1), 431–436.
* Huron, D. (2006). *Sweet Anticipation: Music and the Psychology of Expectation*. MIT Press.
* Altenmüller, E., & Schlaug, G. (2015). *Music, brain, and health: The role of music in neurological rehabilitation*. *Annals of the New York Academy of Sciences*, 1337(1), 140–148.
* Trabalhos apresentados no ICMPC18, São Paulo, 2025.
Conclusão: A Música é um Território Cognitivo Vivo
A música, em nossos termos, é um corpo que pensa por ressonância.
Ela permite dissolver o Eu que sofre, reorganizar os sentimentos como metabolismo e restaurar o pertencimento simbólico real.
> Por isso dizemos: a música é o som da consciência metabolizando a vida.
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