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Como sua consciência pode alterar a sua percepção.

Como sua consciência pode alterar a sua percepção.

 

Consciência seria um estado em que podemos processar informações do nosso ambiente. Será que também não pode ser o contrário? Seria uma via mão dupla? Já parou para pensar uma mesma coisa pode ter um significado/percepção diferente, variando de pessoa para pessoa?

 
 

Bem, consciência na verdade é uma incógnita e muitos estudiosos tentam validar teorias que possam melhor explicá-la, tentando quantificá-la ou materializada, através por exemplo de uma constante fixa que pudesse representar a consciência de qualquer coisa, inclusive não viva. Louco né? Mas é real. Dentro do que temos para medir consciência pode não representar de fato o que ela seja. Hoje, tem-se duas medidas aplicadas na saúde para saber se uma pessoa está ou não consciente. Uma é o estado que a pessoa se encontra, se ela está acordada, se está em estado vegetativo, se está em coma ou coma induzido. A outra métrica quando ele está acordado, se ele responde adequadamente às perguntas. 

Com base nisso, quando se faz um estudo científico, esses também aplicamos esses parâmetros e testes. O problema é que se pegar um primata, adaptando com sinalizações e treinamentos, teríamos dificuldade para saber qual teste era de humano e de qual seria do animal olhando apenas para o score. Sendo que, nitidamente, não temos o mesmo nível de consciência, de percepção, de processamento de informação. E olha que nem vou entrar nos computadores quânticos e sua capacidade de aprendizado, se fossemos também aplicar esses testes o score talvez seria até maior que o nosso. Isso mostra como os testes ainda são superficiais e que não abrangem a consciência como é de fato.


Ainda quanto a discussão de estar ou não consciente,em humanos, uma pessoa em estado vegetativo não deveria ter consciência. Acontece que colocaram alguns pacientes nesse estado para responderem algumas perguntas e comandos dentro de um aparelho de Ressonância Magnética (fMRI), que detecta variações no fluxo sanguíneo em resposta à atividade neural.


Pediram, por exemplo, para se imaginar jogando bola e a área do córtex pré-motor, responsável pelo movimento, foi ativada.  Em outro teste pediram para se imaginar andando pela sua casa ou ainda o que fizeram no dia do acidente, e adivinha? A região do córtex parietal e parte do giro parahipocampal, duas regiões do cérebro conhecidas por estarem envolvidas na navegação espacial, foram atividades. E ainda mais, quando pediam para relaxar, atividade nas regiões diminuíram. Isso teve um reflexo muito grande para essas pessoas, inclusive quanto a questões legais, de direito.

E onde entra sua percepção nisso? Concorda que se há vário níveis de consciência e que ela pode variar entre espécie e por pessoa, você também pode ter uma variação de como responde ao meio? De como sua percepção também é individual? Do mais fica aqui esta discussão que ainda tem muitos “panos para manga” dentro da comunidade científica.

Auto: Beatriz Carvalho Frota
 

Referências

CRICK, Francis; KOCH, Christof. A framework for consciousness. Nature neuroscience, v. 6, n. 2, p. 119, 2003.

DAMÁSIO, António. O mistério da consciência: do corpo e das emoções ao conhecimento de si. Editora Companhia das Letras, 2015.

KOCH, Christof. The quest for consciousness. Engineering and Science, v. 67, n. 2, p. 28-34, 2004.

OWEN, Adrian M. The Search for Consciousness. Neuron, v. 102, n. 3, p. 526-528, 2019.

TONONI, Giulio; KOCH, Christof. Consciousness: here, there and everywhere?. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 370, n. 1668, p. 20140167, 2015.
 


Beatriz Carvalho Frota

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