Sabemos que o comportamento é algo complexo e difícil de ser estudado pela variedade de influencias ambientais e genéticas que ele pode receber se tornando intrinsicamente particular. Quando falamos de interações sociais, o comportamento aparece como algo que é modulado pela cultura, ou seja, algo que é julgado pelos costumes locais. Esses fatores ambientais moldam o desenvolvimento cognitivo e comportmental do individuo de forma aprendida mas com caracteristicas inatas, o que podemos chamar de "Impriting". Mas antes de falarmos mais sobre esse tipo de imprinting, temos que discutir um pouco sobre os comportamentos inatos e aprendidos.
O comportamento inato são aqueles geneticamente programados e podem ser realizados sem qualquer experiência prévia ou treinamento, ou seja, são realizados desde o primeiro estímulo apresentado, por exemplo, reflexo de sucção de bebês quando a mãe coloca o peito em sua boca (Imagem ao lado A). A base neural por trás desse comportamento é modulada a nível medular a partir do recebimento do estímulos aferentes sensoriais, não sendo observado envolvimento de centros superiores do sistema nervoso central no momento dessa resposta. Já o comportamento aprendido é aquele que um organismo desenvolve como resultado de uma experiência, por exemplo, a comunicação por meio da fala, é um comportamento que exigiu a exposição a vários estímulos para ser aprendido. Outro exemplo é o condicionamento classíco, onde acontece uma aprendizagem associativa entre dois ou mais estímulos (Imagem ao lado B). Para esse caso, as experiênncias e estimulos adquiridos contam com mecanismos aferentes facilitadores que potencializam respostas cognitivas apartir da participação dos centros superiores do sistema nervoso central, como áreas cerebrais responsáveis pelo processamento das informações sensoriais obtidas e armazenamento de memória, por exemplo.
Já o imprinting, tem caracteristicas de ambos os tipos de comportamento (inato e aprendido), e ainda hoje sua definição ainda não se é tão clara. Esse comportamento se caracteriza por um tipo de aprendizagem rápida e irreversivel que ocorre em um tempo de vida específico, onde o individuo aprende as características de algum estímulo, que, portanto, é considerado "impresso" no sujeito, similar como acontece no comportamento inato, porém não é um comportamento apresentado no primeiro estimulo, ele é aprendido. Tá vendo como é um pouco confusa sua definição e como flui entre os conceitos de comportamento inato e aprendido? Um exemplo clássico de imprinting é o comportamento de filhotes de patos seguir a mãe organizados em linha, onde esse comportamento pode ser observado substituindo a mãe por um objeto similar ou até mesmo um ser humano (Imagem ao lado). Existe vários tipos de imprinting, podendo ser filial, envolvendo a formação de uma ligação social imediata com a mãe ou um substituto da mãe como já relatamos, e impriting sexual, envolvendo a formação de uma preferência sexual que se manifesta mais tarde na vida. Descrita originalmente em pássaros precoces, imprinting também foi usada para explicar a formação de vínculos sociais iniciais em outras espécies, incluindo bebês humanos. Esses vinculos sociais podem está relacionados com aspectos culturais e regionais, e consequentemente pode refletir nas suas vidas como adulto. Nesse constexto, surge a Neurociência Social ou Cultural que tenta entender o comportamento social apartir de fundamentos neurais subjacentes aos processos de cognição social usando diferentes ferramentas como EEG , fMRI, NIRS. Embora os primeiros estudos focada em estereótipos, auto-conhecimento e teoria da mente, hoje o foco tem estendido para as mais diversas áreas da psicologia social, incluindo a tomada de decisão, a cognição moral e Neuropolitica .
Referências:
Johnston, Timothy. "Imprinting as Social Learning." Oxford Research Encyclopedia of Psychology . 2020.
Harding, Naomi. "How does animal imprinting work?". animalanswers.co.uk. Archived from the original on October 12, 2016.
T. L. Brink. 2008Psychology: A Student Friendly Approach. "Unit 12: Developmental Psychology." pp. 268
Davidson, Phil 2006. "Angelo d'Arrigo". The Guardian.