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O fato de que passamos ⅓ das nossas vidas dormindo não é mais novidade para ninguém. Entretanto, uma coisa que não é de conhecimento geral é que enquanto dormimos, o nosso cérebro segue realizando atividades ininterruptamente em diferentes ritmos. Dessa maneira, a atividade em nossa cabeça pode ser até mesmo medida enquanto estamos nesse estado de sono. Vale salientar que esses parâmetros podem dizer muita coisa a respeito da qualidade do nosso sono e também da qualidade de nossas vidas.

O sono pode ser dividido em dois momentos principais: Movimento Rápido dos Olhos (REM) e Sem Movimento Rápido dos Olhos (nREM).  Durante toda a noite, esses estados se alternam. No sono REM, o cérebro se comporta como se estivesse acordado (vigília), entretanto apresenta elevação nos níveis de oxigênio na região que podem ser medidos por meio do NIRS (Near-infrared spectroscopy), embora os músculos esqueléticos estejam completamente anestesiados e incapazes de se mover. Por outro lado, a musculatura ocular nesse período está bastante ativa, o que causa movimento rápido dos olhos, que nomeiam esse estado.


Já o sono nREM é caracterizado por uma atividade de repouso do corpo e também da mente. É o momento em que as taxas respiratórias e cardíacas são menores e a musculatura corporal apresenta-se mais relaxada.


Mas se estamos dormindo, como podemos medir as atividades no nosso cérebro?


A resposta é curta, embora seja complexa: EEG. Por meio do eletroencefalograma, é possível analisar os padrões de comportamento do cérebro durante os diferentes estados metabólicos: dormindo, sonolento ou acordado.  Assim, através das amplitudes e frequências das ondas do eletroencefalograma, é possível inferir algumas informações sobre o indivíduo e sua saúde. 


Por exemplo, ao encontrar-se em estado de alerta, a frequência das ondas do EEG variam entre 13 e 33 Hz, formando as chamadas ondas beta. Já em um estado mais tranquilo e equilibrado, as ondas possuem frequências menores entre 8,5 e 12 Hz e são chamadas de alpha.


A medida em que o indivíduo vai ficando ainda mais relaxado e passa a entrar num estado de sonolência, a frequência é ainda mais reduzida, entrando nas ondas tetas que variam entre 3,5 e 8 Hz. Quando, enfim, o indivíduo está dormindo, são as ondas se tornam ainda menos frequentes variando entre 1 e 3 Hz e com maiores amplitudes, as chamadas ondas delta, que indicam sono profundo. Elevados picos de delta podem indicar Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) grave ou até mesmo lesões no cérebro. 



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Referências


ANA-MARIA, Ionescu et al. Analysis and Detection of EEG Transient Waves During Sleep. ARS Medica Tomitana, v. 24, n. 3, p. 133-143, 2018.


SCHWABEDAL, Justus TC et al. Alpha‐wave frequency characteristics in health and insomnia during sleep. Journal of sleep research, v. 25, n. 3, p. 278-286, 2016.



SICLARI, Francesca et al. Dreaming in NREM sleep: a high-density EEG study of slow waves and spindles. Journal of Neuroscience, v. 38, n. 43, p. 9175-9185, 2018.



Autor: João Paulo Bezerra Fernandes
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