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Na era dos rápidos avanços tecnológicos, Big Data e ciência de dados, formações que seguem moldes tradicionais conseguem desenvolver plenamente as habilidades necessárias para transformar os alunos em neurocientistas?
 
Brainlly de jaleco, na frente da tela de um computador que mostra dados contínuos
 
O professor Ronald R. Hoy acredita que não. Em seu artigo de opinião publicado em Junho de 2021, o professor da Cornell University questiona se o ensino matemático e computacional atende, de fato, às necessidades das Neurociências do Século XXI ou mesmo do treinamento pré médico. Considerando o método experimental, por exemplo, os alunos conseguem assimilar realmente quais testes estatísticos são mais adequados para o tipo de análise que precisa ser feita, quais as diferentes formas de processar dados de EEG, como ler mapas de calor ou imagens de fMRI?
 
Como spikes são classificados, coletados e analisados? Qual a diferença entre causalidade e correlação? É possível inferir ou mesmo atestar causalidade a partir de um conjunto de dados de uma amostra verdadeiramente representativa da população? Essas são algumas perguntas essenciais que um neurocientista deve considerar ao se deparar com o mundo científico. Interpretar as informações coletadas muitas vezes é tarefa árdua, que requer explicações complexas e ao mesmo tempo claras e informativas.
 
Para Hoy (2021) habilidades computacionais na era dos Grandes Dados é de extrema importância não somente para pesquisadores, mas também para futuros médicos.
 
Avanços permitiram a mudança de foco no estudo da eletrofisiologia de uma macroescala para parâmetros que registram o tempo em milissegundos, que permite até mesmo estimular a atividade neuronal. Na área da microscopia óptica, hoje é possível a visualização de imagens neurais, de cérebros inteiros ou em preparação com colorações especiais. Essa mudança de foco não impossibilitou que melhorias fossem aplicadas à escala macro, como a obtenção de imagens cerebrais via fMRI, com alta resolução espacial. Entretanto, o ensino tradicional não acompanha com suficiente rapidez as mudanças científicas e tecnológicas que acontecem no dia a dia. A principal mudança destacada por Hoy (2021) é no campo da análise de dados, agora facilitada por computadores.
 
Quais conhecimentos são preciso desenvolver em quem deseja seguir como neurocientista?

Brainlly levantando uma barra que contém um cérebro de cada lado
 
Ronald argumenta que uma disciplina de ciência de dados é essencial em cursos que integram as neurociências. Além disso, habilidades de modelagem computacional, matemática e capacidade analítica são pontos chave para bons profissionais da área.
 
Que ferramentas podem auxiliar no desenvolvimento acadêmico do pesquisador?
A primeira sugestão dada por Hoy é a troca de disciplinas puramente estatísticas (que, além de outras dificuldades, são muito básicas e acabam por confundir ainda mais os estudantes) por cursos de ciência de dados. Esses cursos devem abordar conteúdos como habilidades de análise de dados, análise multivariada, estatística computacional e linguagens de programação famosas como Python, R e MatLab. Além disso, o professor destaca bootcamps e workshops como mecanismos de alta eficiência pedagógica para o ensino da “neuro-metamática”.
 
Referências
 
Hoy, R. R. (2021). Quantitative skills in undergraduate neuroscience education in the age of big data. Neuroscience Letters, 759, 136074. doi:10.1016/j.neulet.2021.136074.


Autor: Sayonara Pereira da Silva
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