Sentimos empatia de verdade?
29/04/2023 at 10:04:25
Author: João Paulo Bezerra Fernandes
29/04/2023 at 10:04:25
Author: João Paulo Bezerra Fernandes
O conhecimento de que o comportamento do outro pode impactar nas relações cerebrais em uma determinada área do córtex motor foi uma descoberta elucidativa para a neurociência. Todavia, até que fosse provado que isso acontecia, de fato, em humanos levou um tempinho.
Enquanto isso, cientistas buscavam encontrar relações entre a forma como nos comportamos quando estamos observando outro alguém. Enfim veio a comprovação da existência dos neurônios espelhos em humanos e isso abriu novos caminhos para a ciência tentar explicar alguns fenômenos e comportamentos.
Entre esses novos caminhos podem ser citados os estudo da relação entre os neurônios espelho e o sentimento de empatia , bem como, a possível relação dessas estruturas com doenças como autismo e esquizofrenia.
Poderíamos então ser capazes de nos colocarmos no lugar do outro?
Os primeiros estudos a respeito de uma região do córtex responsável pelo sentimento de empatia por meio dos neurônios espelho começaram a ser desenvolvidos no ano seguinte à comprovação da existência dessas estruturas em humanos, em 2009, entretanto um estudo comportamental publicado no ano de 2019 por um grupo de pesquisadores poloneses da Universidade SWPS de Ciências Sociais e Humanas conseguiu relacionar duas outras áreas do córtex humano ao sentimento de empatia. Trazendo mais uma evidência de que, por meio da visão, o ser humano pode sim ser influenciado por outros e isso pode causar aumento ou diminuição na atividade dos neurônios de regiões específicas do córtex.
O grupo chefiado pela neuropsicóloga contou com a colaboração de 46 pessoas saudáveis que foram submetidas a testes comportamentais passivos em frente a uma tela de computador, enquanto estavam sujeitos à ressonância magnética funcional (fMRI) em conjunto com eletrodos de eletromiografia (EMG) na face.
Os testes consistiam em sessões com, aproximadamente, 15 minutos de duração. Em cada sessão havia 72 trials, no qual, o voluntário via imagens estáticas e imagens dinâmicas intercaladas por uma tela cinza. Cada trial era composto por um modelo executando determinada expressão facial que poderia representar felicidade, tristeza, nojo, medo ou neutra. As imagens apareciam por 6 segundos e depois desapareciam, servindo assim como estímulo visual, cada um era exibido duas vezes aos voluntários, de maneira aleatória, de forma que, eles vissem ao menos 6 expressões de cada tipo.
Os efeitos desses estímulos puderam ser observados por meio dos dados do EMG da musculatura corrugadora do supercílio e do levantador do ângulo da boca aliada às informações de oxigenação e desoxigenação do córtex cerebral. Assim, os pesquisadores poderiam ver se houve alguma relação entre o tipo de expressão que estava sendo vista, com o movimento da musculatura e saturação de oxigênio. Isto é, possibilitaria elucidar se a empatia está relacionada ou não com os neurônios espelho.
Os resultados deste estudo trouxeram informações bem relevantes no campo da neurociência. O primeiro resultado que deve ser destacado foi a comprovação da existência de mais de uma região no córtex povoada por neurônios espelho: o lobo límbico. Os resultados do estudo também foram suficientes para indicar que as estruturas que povoam o lobo parietal inferior são responsáveis por estímulos motores, como havia sido proposto por Rizzolatti(primeiro cientista a relatar a existência dos neurônios espelhos) , enquanto as estruturas que povoam o lobo límbico estão relacionadas a emoções afetivas. Além disso, foi percebido que pessoas maior grau de empatia (medido pelo Questionnaire Measure of Emotional Empathy - QMEE) apresentaram reações musculares mais intensas, bem como disparos de neurônios, isto é, pessoas com “mais empatia” estavam mais suscetíveis a se compadecer com o indivíduo que estava sendo observado.
Sendo assim, o estudo conseguiu estabelecer forte indício de que os neurônios espelho atuam de maneira significativa no sentimento de empatia com o próximo.
Outros estudos citam ainda que um indivíduo seria capaz de sentir a dor de outra pessoa graças também aos neurônios espelho, mas isso é assunto para outro blog.
A ressonância magnética funcional pode ser utilizada em diversos tipos de experimentos, não só para analisar a presença de neurônios espelho no córtex. Está com alguma ideia e precisa de algum produto para o seu o fMRI? Contamos com alguns produtos destinados a este equipamento, clica aqui e confira.
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Referências
CORRADINI, Antonella; ANTONIETTI, Alessandro. Mirror neurons and their function in cognitively understood empathy. Consciousness and cognition, v. 22, n. 3, p. 1152-1161, 2013.
RIEČANSKÝ, Igor; LAMM, Claus. The role of sensorimotor processes in pain empathy. Brain topography, p. 1-12, 2019.
RYMARCZYK, Krystyna et al. Empathy in Facial Mimicry of Fear and Disgust: Simultaneous EMG-fMRI Recordings During Observation of Static and Dynamic Facial Expressions. Frontiers in Psychology , [S. l.], 2019.