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Depois da cafeína, o álcool é uma das substâncias mais usadas no mundo inteiro. Estando presente em muitos momentos de celebração de descontração, o álcool desencadeia uma série de reações nos organismos, atuando em diferentes partes do corpo, principalmente no Sistema Nervoso. 


Ao ser ingerida, a bebida é imediatamente absorvida pelo estômago e digerida pelo fígado, que se encarrega de liberar aquela substância. Enquanto isso, as partículas alcóolicas já se  locomoveram pelo sangue e atingiram o cérebro. Neste órgão, o álcool vai atuar diretamente nos neurotransmissores e opióides, em especial nos receptores de glutamato, GABA, endorfinas e encefalinas. 


Assim, as primeiras reações fisiológicas e perceptíveis ao ingerir uma bebida estão relacionadas à euforia, desinibição social, taquicardia, estímulo ao comportamento sexual e estímulo para continuar bebendo. Tudo isso provocado pela liberação dos opióides (endorfinas e encefalinas) no sangue que acabam por reagir com estruturas como o hipotálamo. Além disso, também é nessa etapa que a glândula pituitária é atingida, levando à baixa reabsorção de água por parte dos rins, o que faz com que haja elevada produção de urina.


Brain

Depois desse momento de excitação exagerada, os receptores inibitórios do GABA são ativados e levam a uma sensação de descoordenação e sedação, no qual, o indivíduo fica mais lento e relaxado; é neste momento que o cerebelo passa a ser atingido, dificultando na realização de atividades que dependem da coordenação motora fina. 


A inibição dos receptores excitatórios de glutamato levam a maior sensação de sedação e contribuem para os distúrbios cognitivos, em que o indivíduo passa a apresentar dificuldades para se comunicar e interagir com as demais pessoas. 


Após todas essas interações, o álcool vai sendo colocado para fora do corpo com o tempo. A digestão das partículas pelo fígado, a liberação da urina e também o processo respiratório dos pulmões contribuem para a eliminação das partículas. 


Vale salientar que, em uso contínuo e em doses exageradas, o álcool pode trazer efeitos indesejados à saúde a longo prazo, principalmente quando o consumo é feito durante a adolescência. Conforme foi relatado nos estudos de Squeglia (2016), o uso de álcool por jovens está relacionada com a diminuição da substância cinzenta do cérebro, bem como o aumento no volume de substância branca detectados por ressonância magnética funcional (fMRI).

Functional magnetic resonance imaging fMRI.
Ainda que o álcool em excesso possa trazer riscos à saúde, existem alguns estudos preliminares que tentam relacionar o consumo da substância de maneira casual com a prevenção de algumas doenças, como o Alzheimer. Entretanto, as evidências ainda não são concretas.

Referências


BRAILLON, Alain; WILSON, Mark. Does moderate alcohol consumption really have health benefits. Bmj, v. 362, p. k3888, 2018.


HAES, Tissiana Marques et al. Álcool e sistema nervoso central. Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 43, n. 2, p. 153-163, 2010.


SQUEGLIA, Lindsay M.; GRAY, Kevin M. Alcohol and drug use and the developing brain. Current psychiatry reports, v. 18, n. 5, p. 46, 2016.


RAJENDRAM, Rajkumar; PREEDY, Victor R. Resources for the Neuroscience of Alcohol. In: Neuroscience of Alcohol. Academic Press, 2019. p. 681-687.

 


Autor: João Paulo Bezerra
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