Diante das mudanças em todo cenário nacional e internacional advindo da pandemia do novo coronavírus, houve uma necessidade urgente de adaptação em vários contextos, e a educação não ficou atrás. Escolas e universidades de todo mundo, sem nenhuma programação prévia, precisaram aderir o ensino remoto ou suspenderem as aulas, e, os alunos “pegos de surpresa” também precisaram dessa adaptação. A grande questão é, será que nosso cérebro processa e aprende da mesma forma no papel e nas telas?
Muitos estudos já falavam que o futuro da educação seria de forma remota, mas, de fato, as pessoas não imaginavam que isso se tornaria uma realidade de forma tão repentina! Hoje, o aprendizado remoto deixou de ser uma opção para o futuro e virou uma necessidade urgente que vem sendo cada vez mais utilizada! Agora, os livros impressos e aula presenciais foram substituídos por livros digitais, aplicativos, etc. Embora os livros digitais nos acompanhem há pelo menos uma década, hoje não são mais uma opção!
Diante disso, alguns estudos se preocuparam em verificar se a leitura de forma impressa produz o mesmo efeito da digital. A professora de alfabetização em uma escola na Noruega Anne Mangen afirmou que há diferenças nesses domínios. Pois, segundo ela, a atenção e foco são totalmente diferentes na leitura impressa. Provavelmente, isso se deve ao controle inibitório (eliminar distratores) que funciona melhor quando estamos cara a cara com os textos.
Já na opinião de dois cientistas, ler de forma digital possibilita que realizemos a atividade de forma mais rápida, além da facilidade de acesso, dessa forma, para leituras curtas e dinâmicas É UMA ESTRATÉGIA QUE FUNCIONA MUITO BEM!!! Porém, eles também acharam interessante abordar que para textos mais longos que tem um conteúdo mais denso, textos impressos funcionam melhor, até mesmo na percepção dos detalhes.
O interessante é que estudos sobre essas diferenças na leitura digital e impressa não começaram agora, em 2016 já foi publicado pesquisas sobre diferenças na leitura de artigos impressos e digitais em alunos de graduação e os resultados foram similares ao que temos hoje: O formato afetou a compreensão da ideia principal e diversos detalhes foram perdidos na leitura nas telas. A hipótese para isso é que o cérebro exposto constantemente a mídia digital de forma acelerada processa informações dessa fonte de forma mais rápida, porém, menos completa, ou seja, pode PERDER DETALHES IMPORTANTES DO TEXTO!
Além disso, outro estudo sobre os efeitos da mídia na compreensão da leitura entre 2000 e 2017 também apoiou a ideia de que A COMPREENSÃO DA LEITURA DIGITAL É MAIS DIFÍCIL DO QUE A IMPRESSA. E, surpreendentemente esses achados sugeriram que vantagens da impressão foram maiores no último ano da pesquisa (2017) do que no ano de 2000. Ou seja, o problema de leitura digital não está desaparecendo, mesmo com a explosão dessa área!!!
Embora ainda não existam muitos estudos em neurociência que comprovem esses achados, algumas pesquisas apoiaram essas convicções, por exemplo, em 2009, um estudo de marketing na Millward Brown sobre propagandas físicas e digitais sugeriu que os materiais impressos tinham maior probabilidade de ativar regiões envolvidas com emoções, como a parte pré-frontal medial do córtex e o córtex cingulado, além de uma maior ativação do córtex parietal que processa pistas visuais e espaciais. Ou seja, PARECE QUE OS LIVROS FÍSICOS AINDA VÃO NOS ACOMPANHAR POR UM LONGO TEMPO!
Quando você precisar de uma pausa no mundo digital, não subestime o poder do papel e da tinta. Considere desligar seus dispositivos eletrônicos, pegar um livro e se enrolar para virar a página (Kerry Benson, 2018).
Referências
DELGADO, Pablo et al. Don't throw away your printed books: A meta-analysis on the effects of reading media on reading comprehension. Educational Research Review, v. 25, p. 23-38, 2018.
SINGER, Lauren M.; ALEXANDER, Patricia A. Reading across mediums: Effects of reading digital and print texts on comprehension and calibration. The journal of experimental education, v. 85, n. 1, p. 155-172, 2017.