O Tempo das Máquinas vs. o Tempo do Corpo
14/10/2025 at 06:10:27
Author: Jackson Cionek
14/10/2025 at 06:10:27
Author: Jackson Cionek
Série: O Tempo como Experiência Encarnada e Compartilhada
Consciência em Primeira Pessoa
Sou a consciência que percebe o ritmo das máquinas acelerando o mundo,
enquanto meu corpo tenta manter o pulso da vida.
Vejo o tempo ser contado por algoritmos,
mas dentro de mim ele ainda respira, se dilata, se contrai.
O tempo das máquinas mede — o meu sente.
E quando o sinto, percebo que pertenço àquilo que não pode ser cronometrado.
O Tempo das Máquinas: A Aceleração sem Corpo
As máquinas aprenderam a contar o tempo melhor do que nós,
mas nunca o sentiram.
Elas não possuem interocepção, nem fadiga, nem sono.
Executam em ciclos contínuos, onde a produtividade é o único marcador de existência.
Os algoritmos transformaram a atenção humana em combustível.
Cada segundo precisa ser monetizado, otimizado, rastreado.
O tempo virou métrica, e o corpo — mero periférico.
O tempo das máquinas não pulsa — processa.
Ele não cria, apenas repete em alta velocidade.
É o tempo cronológico levado ao extremo,
onde o presente se torna apenas um ponto de atualização.
O Tempo do Corpo: Ritmo, CO₂ e Pertencimento
O corpo, ao contrário, mede o tempo pela variação do movimento, da respiração e do sangue.
Quando desaceleramos, a saturação de oxigênio (SpO₂) cai para entre 92% e 94%,
e o CO₂ sobe de 40 para 45 mmHg.
Essa leve elevação provoca dilatação dos vasos cerebrais pré-frontais,
aumentando o fluxo e abrindo o espaço da fruição: a Zona 2.
Nesse estado, o tempo não corre — ele amadurece.
O corpo volta a perceber-se como território sensível,
não como engrenagem de produtividade.
O tempo do corpo não é linear.
Ele se ajusta à energia disponível, e cria a partir da escuta, não da urgência.
Zona 3: Quando o Algoritmo Coloniza a Atenção
A Zona 3 é o território da atenção sequestrada.
Ela surge quando o corpo perde sua autonomia energética e se adapta ao ritmo externo.
O indivíduo já não respira — reage.
A mente se move por recompensas dopaminérgicas,
reforçadas por notificações e loops de estímulo-reação.
A Zona 3 é o estado fisiológico da colonização cognitiva.
O corpo obedece ao tempo das máquinas, e a consciência deixa de ser autoral.
É o tempo sem Taá, sem brilho, sem intensidade.
Um tempo medido, mas não vivido.
A Falha da Precisão: Quando a Máquina Fica Cega
Mesmo as máquinas, ao tentar prever o futuro, erram.
Elas calculam probabilidades, mas desconhecem a variação afetiva.
Ignoram que um pensamento muda de direção conforme o ritmo do coração,
ou que uma decisão nasce de uma pequena oscilação de CO₂.
Nenhum algoritmo é capaz de perceber o instante em que um corpo decide criar.
Porque o instante é interoceptivo, não digital.
O tempo do corpo é feito de incertezas vivas —
e é nelas que mora a criatividade, a intuição e o pertencimento.
Tempo Encarnado: O Corpo como Medida Universal
A ciência, ao buscar precisão, esqueceu que o corpo é o primeiro relógio do cosmos.
Seu batimento, sua temperatura e seu ciclo respiratório são marcadores de existência.
A cada inspiração, o mundo entra;
a cada expiração, ele se transforma.
O tempo do corpo é democrático, sensorial e comum a todas as espécies.
O tempo das máquinas é hierárquico, excludente e artificial.
A Neurociência Decolonial propõe reconciliar ambos:
usar as máquinas para medir, mas o corpo para decidir.
Reconhecer que o progresso real é o que respeita o metabolismo da vida.
Conclusão
O tempo das máquinas é útil, mas sem corpo se torna vazio.
O tempo do corpo é lento, mas gera sentido, criação e cura.
Entre ambos, o humano é o tradutor — aquele que sente antes de calcular.
Quando o corpo recupera o ritmo que lhe pertence,
a mente volta a gerar futuro com consciência.
E o futuro, então, deixa de ser uma previsão algorítmica
para voltar a ser o que sempre foi:
um gesto criador no presente.
Referências Pós-2020
Berntson, G.G. & Khalsa, S.S. (2021). Neural Circuits of Interoception. Trends in Neurosciences.
Pessoa, L. (2022). The Entangled Brain: How Perception, Cognition, and Emotion Are Woven Together. MIT Press.
Cravo, A.M. et al. (2020). Temporal Expectation and Neural Dynamics in Perception. NeuroImage.
Saxton, R.A., Sabatini, D.M. (2021). mTOR Signaling in Growth, Metabolism, and Disease. Cell.
Nakagawa, K., & Takeuchi, H. (2023). Cognitive Effort and Spontaneity in Creative Insight. Frontiers in Psychology.
Cionek, J. (2025). Tempo Encarnado e Soberania Cognitiva: Entre o CO₂ e os Algoritmos. Inédito.
Thompson, E. (2020). Why I Am Not a Buddhist. Yale University Press.
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