O Tempo dos Espíritos: Taá, Pei Utupe e os Ciclos que Não se Medem
14/10/2025 at 06:10:28
Author: Jackson Cionek
14/10/2025 at 06:10:28
Author: Jackson Cionek
Série: O Tempo como Experiência Encarnada e Compartilhada
Consciência em Primeira Pessoa
Sou a consciência que percebe o tempo vibrar com intensidades diferentes.
Há memórias que brilham mais. Há presenças que ecoam além do agora.
Quando sinto a vida por dentro, percebo que o tempo não é uma régua —
é um pulso. É um brilho. É um espírito.
Chamam isso de qualia — mas os Yanomami já o chamavam de Xapiri:
o brilho do que se sente, a intensidade que transforma um corpo em presença.
Tempo como Ciclo: A Visão Ancestral
Na maioria das culturas indígenas, o tempo não é linear, nem cumulativo.
Ele gira, retorna, reverbera.
É cíclico como as estações, os cantos, os rituais e os partos.
Não é cronologia — é presença renovada.
Entre os Yanomami, o que chamamos de "alma" é o Pei Utupe:
Utupe é a imagem do corpo que habita sonhos e visões,
Pei é a emoção viva que anima essa imagem.
Mas há algo mais:
Quando o Utupe se manifesta com intensidade, com brilho, ele se torna Xapiri —
os espíritos visíveis aos xamãs.
No vocabulário da ciência cognitiva, poderíamos dizer que o Xapiri é o qualia:
a qualidade subjetiva sentida de uma experiência — o brilho do que se sente como real.
Tempo Espiritual: Não se Mede, se Vibra
O tempo espiritual não é abstrato nem externo.
Ele vibra no corpo — como calor, arrepios, lágrimas, silêncios.
Ele não pode ser acelerado, nem esquecido, nem forçado.
Ele emerge quando memória e emoção se encontram em estado de escuta.
O tempo dos espíritos é quando a intensidade da experiência se sobrepõe à sucessão dos minutos.
Esse tempo não cabe no calendário.
Cabe na pele, na memória, no ritmo da respiração,
e no olhar de quem ainda sabe escutar a floresta.
Taá: Quando Informação Vira Intensidade
Nossa proposta, Taá representa a informação que se sente — e não apenas se entende.
É quando um conteúdo toca o corpo, ressoa na memória e ganha brilho afetivo próprio.
Taá é o solo onde Utupe e Xapiri se manifestam.
Onde um pensamento vira presença.
Onde um sentimento vira forma.
Onde um tempo vira ciclo.
Na Zona 2, essa percepção se amplia:
A atenção se aprofunda
O corpo desacelera
E as experiências se tornam vivas — com cor, som, cheiro, intensidade própria.
Espiritualidade DANA: A Alma como Inteligência Intensiva
Na espiritualidade DANA, a alma não é um dogma —
ela é a inteligência do DNA em estado de brilho.
É o corpo que aprende, registra e repete aquilo que o fortalece — emocional, espiritual e biologicamente.
Pei Utupe é o que somos na prática:
A emoção (Pei) que sustenta nossa imagem no mundo (Utupe),
E o brilho único de cada vivência — o qualia, ou Xapiri — que nos faz humanos, presentes, intensos.
O tempo do espírito não se explica — ele se torna evidente quando o corpo entra em Taá.
Conclusão
O tempo dos espíritos não é cronológico — é vibracional.
Não se mede — se brilha.
É quando uma memória carrega emoção suficiente para se tornar presente.
É quando um corpo em silêncio evoca ancestralidade.
É quando um gesto simples revela o ciclo da existência.
Xapiri é o brilho do Utupe.
Qualia é a ciência que ainda tenta nomeá-lo.
Taá é o estado em que ambos se tornam vivos.
Referências Pós-2020
Kopenawa, Davi & Albert, Bruce (2020). A Queda do Céu: Palavras de um xamã Yanomami. Companhia das Letras.
Pessoa, L. (2022). The Entangled Brain: How Perception, Cognition, and Emotion Are Woven Together. MIT Press.
Berntson, G.G. & Khalsa, S.S. (2021). Neural Circuits of Interoception. Trends in Neurosciences.
Descola, Philippe. (2021). Más Allá de la Naturaleza y Cultura. Ediciones Cátedra.
Thompson, Evan. (2020). Why I Am Not a Buddhist. Yale University Press.
Saavedra, M. (2023). Corpo-Território e Epistemologias Ancestrais. Revista Brasileira de Educação Ambiental.
Cionek, J. (2025). Yãy Hã Miy, Taá e Pei Utupe: A Subjetividade como Brilho Vivo. Inédito.
Viveiros de Castro, Eduardo. (2022). Cannibal Metaphysics. Univocal Publishing.
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