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Memória – você tem lembranças de quando era bebê? (NIRS)

Você se lembra do que brincava quando era um neném? Se lembra de algo marcante que aconteceu nesta época? A maioria tende a responder que não... Não seria interessante conseguirmos lembrar dos nossos primeiros anos de vida?



Fonte: Giz asks (2018)

Crianças recém nascidas tem uma alta capacidade de aprendizado nos primeiros anos de vida, onde o cérebro apresenta uma elevada atividade cerebral. Através da exploração, a criança tende a aprender com diversas situações, onde diversos momentos acabam sendo muito interessantes. Entretanto, nós não lembramos muito desses momentos! Um dos fatores pode ser associado a rede neural envolvida com a memória e o seu desenvolvimento.

A memória, principalmente a memória visual de trabalho (VWM) é um sistema cognitivo com uma capacidade ainda muito limitada. Sendo responsável por grande parte da cognição visual através da comparação das percepções ao redor do individuo e identificando as mudanças, o VWM é de extrema importância no aprendizado infantil. Desta forma, é fundamental entender o desenvolvimento inicial desse sistema visando aplicações em crianças com dificuldade de atenção, como por exemplo o déficit de atenção ou autismo.

Através de estudos com fMRI, trabalhos já reportaram diferença nos valores de difusidade nos tratos de substância branca que conectam regiões cerebrais envolvidas com o rendimento das crianças em tarefas de memória de trabalho visuoespacial. Outras abordagens fazendo o uso da técnica de EEG reportaram melhor desempenho na memória visual aos 10 meses de idade, mas não antes.  Entretanto, visando a análise da memória em bebês, uma técnica que apresenta melhores resultados é fazendo o uso do fNIRS, onde alguns estudos mostram que bebês apresentam a capacidade maior de memorizar atividades envolvidas com processamento de objetos.

Um trabalho realizado fez o uso do fNIRS para examinar, pela primeira vez, a ativação específica da tarefa localizada da rede VWM em bebes de até 2 anos para testar algumas hipóteses, entre elas que a rede VWM na infância está localizada em um local diferente do que na fase adulta, o que pode explicar o porque temos mais dificuldade em lembrar dos momentos da infância.

 
Figura: Desenho experimental e resultados ( Reyes, 2020)

Os resultados foram bem interessantes, sendo descoberto pela primeira vez que a rede VWM de bebês mostra um envolvimento robusto das regiões cerebrais semelhante identificadas em adultos já em quatro meses, no qual ocorre um refinamento ao decorrer do tempo com a realização de processos exploratórios visuais.

Como podemos usar isso a nosso favor? Os resultados indicam que os bebês apresentam mecanismos neurais que fazem com que tenham capacidade aprimorada de lembrarem de informações visuais e detectarem alteração em um fluxo visual. Trazendo para a neuroeducação, este é um indicativo de que tarefas que envolvam atividades visuais tendem a fazer com que os nenéns aprendam de uma forma melhor. Mostrar objetos, associar palavras com algo visual, realizar atividades que fazem uma criança conseguir focar em uma tarefa (mesmo com outras coisas acontecendo ao seu redor) , podem fazer com que o bebê apresente um rendimento melhor em atividades de memória e, ainda por cima, reduzir o risco de déficit de atenção.

Bom, então já sabemos que possuímos uma rede complexa e bem estruturada desde a infância. Então, porque não lembramos do que vivemos até os 2 anos, 2 anos e meio? Uma das hipóteses para isso é um fenômeno chamado amnésia infantil, que é dado principalmente pelo fato de que o cérebro, nesses primeiros anos de vida, sofre diversas mudanças estruturais, aparecem novas células e novas conexões neurais. Isso não significa que os bebês não aprendem ou registram conhecimentos a respeito do mundo, mas essas informações são arquivadas em um outro contexto , que não conseguimos mais acessar quando adquirimos a linguagem e interpretamos o mundo de outra forma.

Entretanto, isso não significa que o conhecimento adquirido nesta fase não influencia na sua vida... pelo contrário! Traumas na infância ou laços afetivos que você criou quando bebê refletem na sua identificação. Essa amnésia está relacionada a memória declarativa, ou seja, a que usamos para relatar eventos e, por isso, que não esquecemos aprendizados como andar e falar!

Referências

Reyes, L. D., Wijeakumar, S., Magnotta, V. A., Forbes, S. H., & Spencer, J. P. (2020). The functional brain networks that underlie visual working memory in the first two years of life. NeuroImage, 116971.

Jackson, S. Wijeakumar, D.S. Beal, B. Brown, P. Zebrowski, J.P. SpencerA fNIRS investigation of speech planning and execution in adults who stutter Neuroscience, 406 (2019), pp. 73-85

S.S.J. Putt, S. Wijeakumar, J.P. SpencerNeuroImage Prefrontal cortex activation supports the emergence of early stone age toolmaking skill Neuroimage, 199 (2019), pp. 57-69



Mouhamed Zorkot

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