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Paixão de torcedor: a neurociência explica o amor incondicional pelo seu clube de futebol

Ahh, o futebol! Milhões de torcedores, muitas emoções e eventos envolvidos com o esporte mais famoso do mundo! Em situações que chegam a parar o mundo, como a Copa do Mundo, o futebol é um patrimônio mundial, que faz com que as pessoas amam o clube acima de muitas coisas! 

Mas, o que acontece com nosso cérebro para despertar um amor tão grande por uma instituição futebolística?



Fonte: pixabay.com/pt/photos

A interação social é uma das grandes características do ser humano é uma das formas de interação que faz com que torcedores podem apresentar características marcantes que foram modeladas por um clube de futebol, por exemplo. O desempenho do time, a venda de um jogador, o grito de campeão e o fracasso do rival são fatores que influenciam no estado emocional do torcedor. Vamos entender melhor de onde vem esse amor incondicional?

Alguns pesquisadores classificam os torcedores de acordo com o seu nível de devoção, podendo ser “fã temporário”, “fã local”, “fã dedicado” , “fã fanático e “fã disfuncional. Estes dois últimos tipos de torcedores criam uma identidade social de acordo com a dedicação com o clube preferido, no qual até o que ocorre com o rival faz com que seu comportamente seja diferente.  Um estudo realizado apresentou como hipótese que fanáticos pelo futebol podem apresentar um padrão de ativação diferente para estímulos emocionais no circuito de recompensa, em comparação com o grupo de não fanáticos.  

Através de ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores avaliaram as respostas neurais a estímulos carregados de emoções com viés positivo ou negativo, de acordo com a classificação já citada no qual os considerados fãs temporários foram categorizados como grupo não fanático. Durante o fMRI, voluntários assistiram a vídeos do momento de gols marcados pelo time favorito, do rival e neutro.

Figura: Vídeos de gols marcados assistidos pelos indivíduos ( Bilgic. et. al., 2020)

Os resultados comprovaram que os fanáticos por futebol possuem um padrão diferente de ativação e conectividade cerebral em comparação com os não fanáticos, no qual um dos pontos mais importantes foi a ativação aumentada do córtex cingulado anterior dorso bilateral (dACC) que pode ser atribuído a funções afetivas e cognitiva, o que explica o engajamento do torcedor com o clube. Recentemente, o ACC dorsal e ventral foram considerados como o principal centro do circuito de empatia. Esta ativação ainda se relaciona com comportamentos afetivos e morbidades psiquiátricas, onde uma estimulação da região ocasiona prazer, medo, euforia, agitação... Está começando a entender de onde vem toda a paixão que move estádios e o mundo?


O apoio incondicional ao clube e o desprezo pelo rival são exemplos de apego e desapego, no qual o comportamento está associado ao do circuito de recompensa, estruturas límbicas e ínsula. Além disso, outro resultado de acordo com a análise do fMRI (como por exemplo o BRAINAMP MR PLUS da figura ao lado)  foi que fanáticos por futebol podem ter enriquecido os circuitos neurais, alimentando conteúdo da memória emocional.


Por outro lado, foi demonstrado que os fanáticos, principalmente os disfuncionais, também apresentam traços negativos de personalidade, como agressividade, instabilidade emocional, impulsividade, etc. Ainda não é possível concluir, mas também não tem como descartar a hipótese de psicopatologias. Um exemplo disso são as brigas entre torcidas, em estádio e até discussões nas redes sociais, onde as pessoas apresentam esse comportamento agressivo e até matam pelo simples fato de uma pessoa torcer para outro time. Comportamentos negativos como esses, além de lamentáveis, podem sugerir um desses transtornos citados.

Não são apenas jogadores correndo atrás de uma bola! O esporte mais amado do mundo tem sua explicação para parar o mundo e levar milhões de pessoas para o estádio ou de frente a tela nos domingos a tarde! Atividades cerebrais envolvendo o sistema de recompensa, maior estado motivacional e até comportamentos exagerados comprovam o que esse amor incondicional é capaz de fazer!

                     Sendo assim, a ciência comprova... NÃO É APENAS FUTEBOL!

Referências

Bilgiç, B., Kurt, E., Makar, Ç. C., Ulasoglu‐Yildiz, C., Samancı, B., Gürvit, H., ... & Emre, M. (2020). Functional neural substrates of football fanaticism: different pattern of brain responses and connectivity in fanatics. Psychiatry and Clinical Neurosciences.

Haber SN. Chapter 1 - Anatomy and Connectivity of the Reward Circuit. In: Dreher J-C, Tremblay L (eds.). Decision Neuroscience. San Diego: Academic Press; 2017 . p. 3–19.

Brevers D, Herremans SC, He Q, et al. Facing temptation: The neural correlates of gambling availability during sports picture exposure. Cogn. Affect. Behav. Neurosci. 2018; 18: 718–29.



Mouhamed Zorkot

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